As rugas e o andar com certa dificuldade não escondem os reflexos da ação do tempo. São 69 anos de vida e pelos menos 19 deles dedicados ao trabalho em prol da comunidade onde vive. Desde que chegou com a família à vila onde mora _ no bairro Nova Santa Marta são sete vilas _, a idosa esteve ligada a projetos sociais.
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Não foge a nenhum assunto e fala com a propriedade de quem respira cotidianamente a vida na periferia. Antes de sair, a reportagem questiona se a placa de vende-se em frente à casa tem alguma relação com o aumento na criminalidade. Segundo ela, não: "depois que fiquei viúva a casa ficou muito grande apenas para minha filha, meus netos e eu".
Confira, uma entrevista com esta moradora do bairro mais violento de Santa Maria:
Diário de Santa Maria _ Como está o policiamento no bairro?
Moradora _ Depois dos assassinatos do final do ano passado, aumentou o policiamento a cavalo e com viaturas. A gente não vê mais grupinhos nas esquinas, principalmente de madrugada. Antes era um sobe e desce de carro e pessoas a pé para comprar drogas. Isso também diminuiu bastante.
Diário _ Então o tráfico é bastante forte na comunidade?
Moradora _ Pelo que o pessoal fala, a gente percebe que vem aumentando. Mas não faço distinção. Não importa se é branco, preto, pobre ou se, infelizmente, trabalha para o tráfico. Se me pede qualquer coisa, tento ajudar. Meu marido sempre dizia que se estão pedindo é porque precisam. Muitos deles (traficantes), conheço desde que nasceram. Já me disseram inúmeras vezes que se alguma coisa acontecesse comigo, com a minha família ou com a minha casa, era para contar que eles resolviam.
Diário _ Os moradores têm medo?
Moradora _ Costumo acordar às 6h e tomar meu chimarrão, o que também faço no final da tarde. Esses dias estava comentando com umas vizinhas que está ficando perigoso a ponto de sermos atingidos a qualquer momento por uma bala perdida. Quanta criança a gente vê morrer por aí atingida por bala perdida. Além disso, os assaltos são frequentes. Cansei de ver o pessoal sair para ir trabalhar e ter até as roupas roubadas.
Diário _ Essa sensação de insegurança modifica a rotina?
Moradora _ O portão da minha casa está sempre trancado e meus netos não saem de casa. Se eles querem brincar com algum amiguinho, tem de ser aqui em casa. O mais velho, de 8 anos, tem o tempo dele sempre ocupado. Tento matricular ele em todas a"